domingo, 30 de outubro de 2016

Seção Pipoca

Gosto de cinema, como arte e encantamento. Assisti o filme e comprei o DVD de Fermín, em Buenos Aires. É uma história contada em forma de Tango, onde são feitos relatos da chamada época de ouro, a década de 1.940, na qual essa cultura fervilhava nas ruas de Buenos Aires. O enredo apresenta um paciente, de um sanatório que se comunica usando frases de Tango, e um médico psiquiatra, em busca da recuperação do protagonista. Cada um ajudará o outro em sua evolução pessoal. O Tango criará um elo entre eles.
Vai o link para assistirem: http://www.repelis.tv/iframe/vimple/44657

sábado, 29 de outubro de 2016

En un "feca"

En un “feca”   

Eu sou uma defensora empedernida da amizade e do convívio.  Adoro um café. O vapor que sai da taça sempre me faz sentir aconchegada. Entre tantas coisas interessantes, a conversa sempre é a melhor coisa do cardápio. O assunto, inspirado no ambiente e em vivências, às vezes, recai no Tango. Hoje lembrei de um lindo tema, que amo dançar e ouvir. É “Comme Il faut”. A mesmíssima  música aparece como Comparsa Criolla.
Primeiramente, pensei tratar-se daqueles tangos que tiveram que mudar seu nome por alguma proibição política. Fui pesquisar e descobri um universo.
Sempre é importante ter em conta que a história do tango tem muitas lacunas, que já foram incorporadas à categoria de enigmas definitivamente sem solução, devido ao caráter inorgânico que ele naturalmente teve nos prolongados anos de sua gestação; à boemia de seus autores e à falta de editorias, entre muitas outras coisas.
O tema que foi “servido à mesa” também carece de documentos, existindo somente referências orais.
Comme Il faut leva a firma e o talento de Eduardo Arolas e Cumparsa Criolla foi apresentado por Rafael Iriarte. Arolas gravou em 1.918 (disco da RCA Víctor 72746, lado A).
O conjunto era intergrado por Arolas no bandoneón, Juan Marini no piano, Rafael Tuegols e Atilio Lombardo nos Violines e Alberto Paredes no cello. Iriarte apresentou Comparsa criolla em 1930, no 7º concurso do selo de discos Nacional, que se realizou no cinema Electric da Caje Lavalle 836. O tema obteve um prêmio na categoria "música sola".

 Eduardo Arolas morreu em Paris em 17 de setembro de 1.924, pelo que não há nenhum dado desse personagem principal sobre uma eventual co-autoria de Comme il faut por parte deste e Iriarte, como alguns sustentam. Ademais, salvo em algum caso excepcional, Arolas criava seus temas inspirados em raptos geniais, que amigos e companheiros, que estavam com ele no momento, necessitavam plasmar na pauta musical.

Francisco Canaro gravou Comparsa criolla no mesmo ano que apareceu no concurso. Dizem os autores que Pirincho era muito amigo de Arolas e foi despedir-se dele no porto quando El Tigre del fueye embarcou na viagem definitiva e fatal à Paris. Por isso, não registrou Comme il faut, quando viu a semelhança de ambos os temas.
Ricardo Tanturi, que gravou muito poucos temas instrumentais, apenas 14, registrou Comparsa criolla em 16 de junho de 1941, em uma excelente versão.

Carlos Di Sarli gravou 3 vezes Comme il faut, em 1947, 1951 y 1955. Não se interessou pelo tema de Iriarte e foi um dos que com mais firmeza sustentou que eram o mesmo tango.

O mesmo aconteceu com Aníbal Troilo, cujo primeiro tema gravado, em 7 de março de 1938, foi Comme il faut. O disco trazia, no outro lado, Tinta verde de Agustín Bardi. Ambas com um ritmo maravilhoso.

Quando estudou Comparsa criolla, foi  lapidário: "No, ya está, es Comme il faut".
Arolas foi um grande. Em Paris era tão famoso como criticado. Era adito ao álcool e às drogas e tinha como trabalho o de cafetão e com isso os riscos que derivam de tal ofício. Uma noite, em 1.924, foi

emboscado por uma patota de rivais que lhe deu uma grande surra e um tiro de graça. Os amigos disseram que morreu no hospital vitima de tuberculose. Não foi assim. Morreu na rua e na sua lei. Tinha apenas 32 anos e lhe chamavam “El tigre del Bandoneon”. Enrique Cadícamo lhe dedicou um poema a seu triste e solitário final: “En esta calleja/ solo y amasijao por sorpresa/ fue que cayó Eduardo Arolas/ por robarse una francesa”.

domingo, 23 de outubro de 2016

Villa Urquiza Barrrio de Tango


Jorge Daniel Dispari y Maria Del Carmen Romero de Dispari "La Turca me apresentaram muitas pessoas, através de suas histórias e relatos pessoais. Durante as magistrais aulas, tanto privadas, como grupais, traziam sempre para “bailar” nomes como Gerardo Portalea, José Lemos “Milonguita”,  Miguel Mancini, Turco José Brahemcha, “El carterito” Escalise, “Cacho” Mantegazza e tantos outros.
Desfilam com maestria um estilo, que leva o nome do bairro; Villa Urquiza, um lugar que
fica longe do centro e na zona norte portenha, mas em cujas ruas pisaram Carlos
Gardel e muitos outros ícones como Roberto Goyeneche. Esse bairro inspirou
muitos tangos. Entre eles “Villa Urquiza”:
"....Academia del Gotán
con Gerardo Portalea
que en el tango se florea
dando cátedra al bailar
....pero "Finito" se queda
pa' sacar viruta al piso".

Cada vez que nos reencontramos eles apresentam algo lindo para deleite desta sua aluna.
Eles dominam a arte de fazer o difícil parecer fácil e o fácil parecer difícil.
Pura magia.
O bairro recebeu homenagem de Celedonio Flores, que era vizinho da Sibéria (microrregião de Urquiza), que viveu entre 1919 e 1925, na Rua Donato 2548.
Em Villa Urquiza, morou,, por muitos anos, Enrique Delfino, exímio pianista e compositor de Tangos
inesquecíveis como: Re Fa Si, Milonguita, Griseta, La Copa Del Olvido, Aquel
Tapado de Armiño e muitos outros, chamando a atenção sua vasta atuação no
cinema, como diretor musical, onde figura: La vida és un Tango.
Outro compositor deste bairro, foi Pacífico Victor Lembertucci, que escreveu Alma Criolla, El Espectro
e o primeiro Tango gravado por Gardel, Carne de Cabaret.
Quanto ao estilo de Villa Urquiza, dá-se muita importância à elegância, observando-se a colocação correta
dos pés. Sempre se inicia com a saída com passo lateral, deslizando os pés no nível do solo, sempre juntando ao terminar as figuras. O respeito à ordem da ronda ao bailar no salão é fundamental. No abraço, deve-se obervar o eixo, com a colocação do punho em uma altura não abaixo do ombro, nem acima do queixo do condutor. É necessário o
domínio estrito da musicalidade, com o conhecimento da base, do tempo, da pausa ou silêncio, do doble tiempo, do meio tempo e da sincopa musical, ou na liguagem milonguera, o contra tempo.
É essencial conhecer plenamente a melodia e suas variações, para poder utilizar os giros, com enrosques, agulhas e lápis. Colocar  bem os ganchos, boleios, sacadas, caídas, varridas e uma técnica, muito refinada de punta-punta, taco-taco. Mas, sem nunca esquecer, a correta utilização das corridas e dos sistema paralelo e cruzado, durante as caminhadas, estas as mais elegantes e sempre, mas SEMPRE, fazer luzir a companheira.

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

PERSONAGENS: Chino Perico
"O mistério de Urquiza foi Milonguita"

Uma lenda viva da milonga, o qual tenho a fortuna de conhecer, Ricardo Ponce, concedeu uma entrevista ao Jornal Diario Clarín em agosto de 2.012. Contou  segredos do estilo e de onde vem o prestígio histórico e imbatível dos salões de Villa Urquiza. Vale a leitura!

Irene Amuchástegui
Às cinco da tarde, Ricardo Ponce emerge das profundezas do Ministério da Economia. Por quase três décadas, passa oito horas por dia no segundo subsolo; sua missão improvável é garantir a transparência da carteira de Fazenda, como encarregado de Vidriería do edifício.

Ponce é conhecido nos salões de tango de Villa Urquiza, Saavedra e do Centro como Chino Perico e famoso por seu estilo de dança.Nascido em São Luís, penúltimo de doze filhos, chegou a Buenos Aires com sua mãe quatro anos, e desde quinze freqüenta clubes, milongas de tango e práticas. Ele conheceu os bailes com grandes orquestras dos defensores da Florida meados dos anos 50, e fez parte da resistência dos Gotan, Beccar nos anos 70. Ele se orgulha de nunca ter subido no palco como profissional e raramente se apresenta na pista. Perico afirma que o "milonguero perde o anjo" quando se profissionaliza.

Durante muitos anos, testemunhou muitas mudanças nas tendências em estilos de baile?

Agora, há duas ou três aulas de dança, e é esse estilo chamado de "milonguero", que não é milonguero: é um baile apertado, de passos curtos, inventados em Almagro, uma sala que não era apreciada justamente pelos milongueros, porque era um lugar para flertar. O resto, tudo o que se faz agora, em nível de passos, nós já fizemos.

A tradição mais reconhecida é a de Villa Urquiza. Como este estilo de dança que se originou identifica o bairro?

Esse estilo é ritmo e elegância. O mistério de Villa Urquiza era um senhor chamado Luis Lemos, que chamavam Milonguita. Nunca houve dançarino semelhante. Se vestia como um Doutor, Fazias paletós e sapatos sob medida, tinha uma elegância única e era um anjo quando estava dançando. Ele inspirou o estilo do bairro desde 45 em diante: os meninos não queriam superar-lo, mas, pelo menos, aproximar-se dele; naquele tempo, em Villa Urquiza, parar-se com elegância, era tudo.  Se via aqueles meninos e aquelas meninas e não se sabia quem escolher.Ficavam esticados, não tinham uma ruga. Cheguei a ser amigo de Milonguita.

Como escolhe alguém para dançar?

A verdade, eu fui mudando.  Até os 25, eu dançava com as meninas que dançavam bem. Mas então eu comecei a me aborrecer de ver as meninas que não dançavam, e uma vez que uma delas me disse: "Chino, por que você não dança uma música comigo? Se os demais me veem bailando contigo, todos me convidam, E depois: "Obrigado, Chino, dancei a noite toda". Em outra época, bailava com quem eu gostava, eu não me importava que não sabia nada, se pisava com os pés em cima dos meus. Agora eu danç com as amigas, e às vezes eu fico sentado, conversar com os rapazes, tomando uma bebida e outra. Até ouvir um tango que eu particularmente gosto, por exemplo, “Se va El tren”, de Miguel Caló, e então, sim, tenho que ir dançar.

Que orquestras prefere dançar?

Eu danço com qualquer orquestra. Em suas épocas, segui a Troilo e Pugliese. Você dança com a orquestra: se eu dançar com D'Arienzo ou Tanturi, as pausas são mais curtas; com Pugliese, elas crescem. Miguel Caló eu realmente gosto, não há melhor orquestra para encantar uma menina.

Cresceu em Buenos Aires e se tornou bailarino. Como foi sua chegada de Villa Mercedes?

Eu vim pequeno, com a pena atrás da orelha, como se diz. Era de fora. Fiquei de boca aberta olhando as casas altas.

Na milonga, também lhe custou integrar-se?


Não.Quem dança se defende na pista.

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Ernesto Baffa, Poesía de bandoneón (Sub. Español)



Venho compartilhar este vídeo com todos, porque amanhã faz seis meses do falecimento deste Poeta do Bandoneón. Este instrumento mágico, composto de uma caixa de madeira, um fole e um teclado, o qual se converteu na verdadeira alma do Tango. O sentimento que emana desta caixa trouxe a genialidade ao Tango. Recomendo, ainda, o filme "El Último Bandoneón". Uma curiosidade, dizem que os bons foram herdados, como o de Piazzola que herdou de Troilo.

domingo, 9 de outubro de 2016

"Leyendas del Tango Danza"





Visões do baile de tango, depoimento de vários maestros, de diferentes estilos, reconhecidos internacionalmente que confirmam e repetem o que sempre escuto nas magistrais aulas de grandes expoentes dessa arte, em Buenos Aires, como Jorge Daniel Dispari y "La Turca" María Del Carmen Romero, sua Filha Samantha Anahy Dispari De Fina e Santiago Fina e Ernesto Balmaceda e Stella Baez: "Bailar pasos no és bailar Tango".

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

O rei

O tango é muito mais que música, é uma cultura. Hoje quem baila neste espaço é um de seus ricos personagens. 
Seu nome é Ángel Sánchez Carreño, mas ficou conhecido como  “El Príncipe cubano”.

Nascido em Cuba, foi cantor e chegou em Buenos Aires em 1.924.  Por 12 anos, executou com perfeição a função de administrador de pessoal e relações públicas do mítico cabaré Chantecler. Cuidava o aspecto impecável do uniforme dos garçons e das copeiras, o penteado, as unhas. Conduzia o show e manejava o cenário com maestria.

Compôs vários tangos que tiveram sucesso como Metido,Siluetas de La tarde(gravado por Magaldi-Noda), Tortura (música de Humberto Canaro), Sublime adoración, Horas Tristes, entre outras e musicalizou Seamos amigos.

Foi quem apelidou Juan D’Arienzo como “El Rey Del compás” e com esse título compõs o tango gravado pelo prório D’Arienzo em 12 de setembro de 1.941. Sentenciou para a posteridade “Si yo soy um Príncipe, usted es el Rey…del compás.

Na década de 1.930 se incorporou a orquestra de D'Arienzo o pianista Rodolfo Biaggi, quem foi responsável por dar a marcação rítmica, pura e elementar. É um tango direto e extrovertido, ideal para o baile e em grande parte o responsável pelas pistas cheias de clubes e salões. Nada mais justa essa alcunha.