sábado, 29 de outubro de 2016

En un "feca"

En un “feca”   

Eu sou uma defensora empedernida da amizade e do convívio.  Adoro um café. O vapor que sai da taça sempre me faz sentir aconchegada. Entre tantas coisas interessantes, a conversa sempre é a melhor coisa do cardápio. O assunto, inspirado no ambiente e em vivências, às vezes, recai no Tango. Hoje lembrei de um lindo tema, que amo dançar e ouvir. É “Comme Il faut”. A mesmíssima  música aparece como Comparsa Criolla.
Primeiramente, pensei tratar-se daqueles tangos que tiveram que mudar seu nome por alguma proibição política. Fui pesquisar e descobri um universo.
Sempre é importante ter em conta que a história do tango tem muitas lacunas, que já foram incorporadas à categoria de enigmas definitivamente sem solução, devido ao caráter inorgânico que ele naturalmente teve nos prolongados anos de sua gestação; à boemia de seus autores e à falta de editorias, entre muitas outras coisas.
O tema que foi “servido à mesa” também carece de documentos, existindo somente referências orais.
Comme Il faut leva a firma e o talento de Eduardo Arolas e Cumparsa Criolla foi apresentado por Rafael Iriarte. Arolas gravou em 1.918 (disco da RCA Víctor 72746, lado A).
O conjunto era intergrado por Arolas no bandoneón, Juan Marini no piano, Rafael Tuegols e Atilio Lombardo nos Violines e Alberto Paredes no cello. Iriarte apresentou Comparsa criolla em 1930, no 7º concurso do selo de discos Nacional, que se realizou no cinema Electric da Caje Lavalle 836. O tema obteve um prêmio na categoria "música sola".

 Eduardo Arolas morreu em Paris em 17 de setembro de 1.924, pelo que não há nenhum dado desse personagem principal sobre uma eventual co-autoria de Comme il faut por parte deste e Iriarte, como alguns sustentam. Ademais, salvo em algum caso excepcional, Arolas criava seus temas inspirados em raptos geniais, que amigos e companheiros, que estavam com ele no momento, necessitavam plasmar na pauta musical.

Francisco Canaro gravou Comparsa criolla no mesmo ano que apareceu no concurso. Dizem os autores que Pirincho era muito amigo de Arolas e foi despedir-se dele no porto quando El Tigre del fueye embarcou na viagem definitiva e fatal à Paris. Por isso, não registrou Comme il faut, quando viu a semelhança de ambos os temas.
Ricardo Tanturi, que gravou muito poucos temas instrumentais, apenas 14, registrou Comparsa criolla em 16 de junho de 1941, em uma excelente versão.

Carlos Di Sarli gravou 3 vezes Comme il faut, em 1947, 1951 y 1955. Não se interessou pelo tema de Iriarte e foi um dos que com mais firmeza sustentou que eram o mesmo tango.

O mesmo aconteceu com Aníbal Troilo, cujo primeiro tema gravado, em 7 de março de 1938, foi Comme il faut. O disco trazia, no outro lado, Tinta verde de Agustín Bardi. Ambas com um ritmo maravilhoso.

Quando estudou Comparsa criolla, foi  lapidário: "No, ya está, es Comme il faut".
Arolas foi um grande. Em Paris era tão famoso como criticado. Era adito ao álcool e às drogas e tinha como trabalho o de cafetão e com isso os riscos que derivam de tal ofício. Uma noite, em 1.924, foi

emboscado por uma patota de rivais que lhe deu uma grande surra e um tiro de graça. Os amigos disseram que morreu no hospital vitima de tuberculose. Não foi assim. Morreu na rua e na sua lei. Tinha apenas 32 anos e lhe chamavam “El tigre del Bandoneon”. Enrique Cadícamo lhe dedicou um poema a seu triste e solitário final: “En esta calleja/ solo y amasijao por sorpresa/ fue que cayó Eduardo Arolas/ por robarse una francesa”.

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